domingo, 23 de agosto de 2015

Jaipur - Jaisalmer



Janu, o nosso motorista do dia, rapaz da nossa idade, super querido, veio trazer-nos à estação e parou agora para pagar refeição a 5 sem abrigos para bom karma. Diz que sempre que passa num desses sítios pára para ajudar os outros, e que todos os indianos com algum dinheiro faz isso.
Ofereceu-nos Lassi e Kachouli antes da viagem, o primeiro que verdadeiramente não nos tentou enganar!!! Deixou-nos na estação, esperamos duas horas na sala de espera da sleeper Class mas nada me preparou para a viagem que se seguiria. Chegamos à plataforma e estava uma multidão, literalmente. Todos sentados no chão e quase não havia espaço para andarmos. Todos olhavam para nós, sentimo-nos muito desprotegidas e medo começou a invadir-nos. Decidimos sentar-nos nas escadas da plataforma, eram 23:30, o comboio estava a chegar. A multidão começa a levantar-se, e eu começo a caminhar para tentar apanhar a sleeper Class. Quase nós perdemos umas das outras, muita confusão, quase não há luz, bastante escuro, pego no bilhete e pergunto a um rapaz, ele ajuda-nos a encontrar as nossas camas, que por sinal é apenas um fino colchão em três andares de beliches, a Paula, entrou em pânico, eu não fico aqui!!! Ficou no beliche do meio para se sentir mais segura. Eu ia ficar no de baixo mas o rapaz que nos ajudou não ia embora e ficava de pé a olhar para nós, fez isso toda a noite até chegar ao seu destino Jodhpur. Sentimo-nos invadidas! A Zezinha estava em cima mas disse que tinha vertigens, óptimas notícias para mim, em baixo é que não queria ficar! Trocamos! O comboio estava à pinha, decidi deixar-me levar, tirei os sapatos, guardei-os junto à cintura, cobri-me com a echarpe e deixei-me adormecer.
Acordei várias vezes para ver se as meninas estavam bem. Os rapazes continuavam sempre lá, não sei se a quererem proteger-nos ou, melhor não pensar nisso, fazerem-nos mal. Quando chegamos a Jodhpur disse que o comboio se ia dividir em dois, claro que não saímos do comboio. Só sairíamos se toda a gente saísse ou se alguém do comboio assim o dissesse. Em frente aos nossos beliches estava uma família indiana com os avós, muito queridos! Estou super peganhenta, com muita vontade de tomar banho, já cheia de areia porque como não temos ar condicionado temos as janelas abertas e estamos já no deserto. Foi surreal mas sobrevivemos e de certa forma foi a preparação para o Safari no deserto de hoje à noite!


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